Capitulo 3
“Para, Nathan”, gritou se afastando da piscina enquanto corria atrás dela.
Estávamos ali há algumas horas já. Siva dormia, Max encarava a todos como se nos avaliasse, estava sentada na borda da piscina com Nathan e Jay, e agora fugia de que tentava molhá-la.
Entrando na brincadeira – e porque era a única que ainda estava seca – saí da piscina indo pelo lado contrario ao que corria, de modo a encurralar . Assim que ela percebeu parou de correr tentando encontrar uma saída.
“É serio, eu tenho que ir pra faculdade daqui a pouco. Não posso me molhar”, ela falou tentando nos convencer, mas agora eu estava gostando da brincadeira. Jay, Nathan e tinham se unido ao círculo para impedir que ela fugisse.
Comecei a andar na direção dela, e ela deu alguns passos para trás, mas parou assim que gritou algo para ela em português. riu do comentário e virou para olhar que tinha uma expressão irônica no rosto.
Admito que eu estava curiosíssimo pra saber o que ela tinha falado, mas era a minha deixa. Aproveitando o momento de distração de a abracei puxando pra beirada da piscina.
“Não Tom, por favor”, ela pediu mas eu ri.
“Molhada por molhada, qual a diferença?”, perguntei antes de soltá-la e empurrá-la em direção a piscina. Ela ainda tentou não cair e nessa tentativa segurou meu braço me fazendo cair junto com ela dentro da água.
Quando emergi, já saia de dentro da piscina.
“Se considere um homem morto, Parker”, ela falou, seu tom de voz era baixo, mas raivoso.
“Qual é, foi só uma brincadeira”, eu falei me defendendo.
“Uma brincadeira que vai me fazer ter que ir até em casa lá na puta que pariu pra trocar de roupa”, ela reclamou.
“Hm... Desculpa?”, Perguntei receoso. Ela parecia estar realmente brava.
“Não”, ela respondeu ríspida, pegando a toalha da mão de para secar meu cabelo. “Espero que a Kelsey não queira ter filhos, porque eu vou te castrar Thomas”, ela falou. “Olha meu cabelo”, reclamou de novo e disso eu tive que rir.
“Drama Queen”, falei rindo dela, mas o olhar que ela lançou me fez parar na hora. “Hey, desculpa”, falei novamente, “eu não sabia que você ia ficar tão brava”, me justifiquei e por um momento vi um leve sorriso nos seus lábios, mas ele desapareceu logo.
“Vou pensar no seu caso”, ela respondeu.
“Nem se eu te emprestar meu chuveiro quentinho pra você tomar banho?”, ofereci e ela ponderou por um momento.
“Eu... eu... eu acho melhor não, Tom”, ela respondeu por fim, desviando o olhar logo em seguida.
“Ah, okay”, respondi. “Se quiser, não tem problema nenhum”.
“Não, pode deixar”, ela disse. “Eu só vou ao banheiro torcer a roupa e vou pra casa. Minha aula começa em meia hora e já vou chegar atrasada. Mas obrigado”, completou meio sem jeito puxando pra ir com ela para o banheiro.
“Hey, ”, eu chamei e ela se virou. “Pega minha blusa, pelo menos está seca”, falei jogando pra ela, que sorriu e pegou.
“Obrigada.”
“De nada.”
Cinco minutos depois e continuavam no banheiro e isso me preocupou um pouco. Será que ela estava realmente brava? Caminhei até lá parando na porta e ouvi as duas garotas conversarem entre si. Obviamente em português, mas entendi ‘Tom’, ‘Nathan’ e ‘Jay’ no meio do que elas falaram.
“? ?” chamei e elas ficaram em silêncio por um segundo.
“Estamos indo”, respondeu.
“Eu só queria ter certeza que você a não esta brava comigo”, falei encostando na porta do banheiro.
“Talvez”, respondeu.
“Você sabe que foi só uma brincadeira, certo?”, perguntei.
“Sei.”
“Então me desculpa”, pedi pela terceira vez.
“Como se fizesse alguma diferença”, ela falou e eu prendi o ar. “Outch, ”, ela falou baixo, mas ainda sim eu ouvi.
“Faz”, respondi. E de fato fazia, tinha algo nela que em tão pouco tempo me prendeu. Como se eu a conhecesse a vida toda. E tinha essa sensação de querer fazê-la sorrir, e não a queria chateada ou brava com qualquer coisa. Como uma irmã mais nova, ou uma melhor amiga.
Ela ficou em silêncio, sem responder nem nada. tampouco falou alguma coisa. Afastei-me da porta a fim de voltar pra perto da piscina. Eu não deveria ter dito nada, deveria ter esperado ao invés de pressioná-la.
A porta abriu e eu olhei para elas. tinha um sorriso lindo no rosto e eu sorri de volta apenas por ver seu sorriso.
Aproximei-me dela lentamente como se pedisse permissão e receoso de estar invadindo seu espaço, ela manteve o sorriso intacto no rosto e não se moveu. Eu tomei isso como uma permissão e a abracei pela cintura trazendo seu corpo para perto de mim.
“Me desculpa, mesmo”, voltei a sussurrar, e ela riu baixinho com o rosto escondido no meu peito.
“Tudo bem”, ela respondeu, “e obrigado pela camiseta”, falou apontando pra minha camiseta que tinha ficado enorme nela. Eu ri.
“Qual é o seu problema hein, garota?”, perguntei divertido. “Menos de um dia e parece que você é minha melhor amiga da vida toda”, completei e ela sorriu mais ainda se é que isso era possível.
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“Pode começar seu sermão”, falei assim que vi Max se aproximar e deixei o celular na mesa ao meu lado. Max se sentou na poltrona na minha frente.
“Não vou falar nada”, ele falou e eu o encarei. “Você já está grandinho o suficiente pra saber o que pode fazer e o que não pode”, deu ombros.
“Então porque passou o dia me analisando?”, perguntei curioso. Se ele não queria falar que eu estava sendo irresponsável e estava me expondo demais com fãs, de que ele queria falar?
“Estou preocupado, só isso”, respondeu vagamente e eu revirei os olhos.
“Com...?”, tornei a perguntar.
“Você e a Kelsey”, respondeu e eu revirei os olhos novamente. “Isso é sério”, falou em resposta ao meu ato.
“Eu amo a Kelsey”, comecei e ele fez menção de me interromper, mas não o deixei. “Não sei por que falei aquilo, mas não tenho motivo algum pra querer terminar com ela e nem vou fazê-lo”, finalizei e ele me encarou por uns minutos. Provavelmente pensando se acreditava em mim ou não.
“Tudo bem”, ele por fim cedeu. “Só estava preocupado com isso”, se justificou.
“Fica tranquilo que até eu ter um bom motivo não vou terminar meu namoro”, falei finalizando a conversa. “Mas me diga, estava ocupado demais me analisando ou também percebeu o Jay e o Nathan?”, perguntei rindo, o fazendo rir junto.
“Tem como não perceber?”, ele me respondeu com outra pergunta e eu ri ainda mais.
“Não que eu os culpe, mas...”, comentei e Max concordou com um movimento de cabeça.
“Deixa os meninos se divertirem. Estão solteiros mesmo, e pelo que eu saiba, elas também. Que se divirtam, só tomando cuidado”, ele respondeu ao meu comentário e eu ri mais alto ainda.
“Só espero que eles ajam amanhã”, falei e Max finalizou o assunto concordando com a cabeça.
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Eram 9:15 da manhã e estávamos o cinco sentados nas poltronas no saguão do hotel esperando que , e chegassem para nos buscar.
“Tom, manda mensagem pra essas meninas, pelo amor de Deus”, Jay falou impaciente, e eu não podia culpá-lo. Elas estavam 15 minutos atrasadas já.
“É, e fala que se não chegarem em 5 minutos não vamos mais”, Nathan falou também impaciente.
“Acho que vocês dois têm mais interesse em sair do que qualquer um de nós três”, Siva comentou e eu ri. “Mas eles estão certos Tom, mande-as virem logo”, concordei pegando o celular do bolso e procurando pelo numero de .
“Onde vocês estão? Anda logo! Já estão 15 minutos atrasadas” escrevi e apertei enviar.
“Pronto”, falei e logo senti meu celular vibrar.
“Chegando. Mais 10 minutos mais ou menos. Trânsito”.
“Elas estão vindo. Pediram mais 10 minutos. Estão presas no trânsito”, falei lendo a mensagem e eles começaram a reclamar.
“Tem como chegar mais rápido? Os meninos estão surtando aqui! ” Escrevi, deixando de fora a parte de que eu também estava querendo matá-las pelo atraso.
“Vamos tentar” foi tudo o que ela respondeu.
“Eu vou matá-las”, falei colocando o celular no bolso e ouvi um coro de concordância.
Continuamos discutindo sobre o atraso delas por cerca de 10 minutos quando elas finalmente chegaram.
“Vocês estão quase meia hora atrasadas”, ouvi Nathan gritar assim que elas passaram pela porta.
“Desculpa!”, gritou em resposta, e elas chegaram perto.
“Pra que tudo isso?”, perguntei desviando do assunto assim que percebi que elas carregam duas mochilas cada uma.
“Secret, my dear”, falou tentando imitar meu sotaque, mas falhando totalmente, algo que ela percebeu, pois fez uma careta no final da frase.
“Eu tenho medo de vocês”, Siva declarou olhando pras expressões de quem estava tramando algo delas. Eu também tinha medo.
“Sim, sim, claro,” falou, “mas como são bons meninos e cavalheiros – porque são ingleses e isso é uma regra pra vocês, certo? – vão nos ajudar a carregar as mochilas. Estou certa, não?”, perguntou brincando já entregando uma de suas mochilas para Jay e a outra para Max que estava ao seu lado.
“Eu não sou inglês”, Siva se defendeu, mas pegou a mochila que lhe estendia do mesmo jeito.
“Por isso mesmo, tem que ser duplamente cavalheiro”, falou sorrindo pra ele enquanto me entregava uma de suas mochicas, e pendurava a outra no ombro.
“Porque só a carrega mochila?”, Nathan perguntou depois de aceitar a mochila que lhe entregava, visivelmente contrariado.
“Porque eu não sou filhinha de papai que nem as duas aqui”, ela falou em tom de brincadeira e se esquivou dos tapas que as outras duas tentaram lhe acertar. “Na realidade é que uma de nós teria que acabar ficando com mochila mesmo, eu me ofereci porque estou acostumada. Maldita faculdade”, ela deu a resposta verdadeira e logo em seguida deu de ombros. “Não me importo. Carregando mochila vai ser mais legal. Vão achar que sou estrangeira também”, falou animada e nós rimos.
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“Certo. Já que não podemos saber o que tem nas mochilas e a finalidade delas, podemos ao menos saber pra onde vão nos levar?”, Siva perguntou interessado enquanto saíamos pela porta do hotel. Era até estranho ver aquilo ali vazio sem milhões de garotas gritando pelo Bieber.
“Avenida Paulista. Vamos tomar café da manhã e passear”, respondeu animada.
“E vamos tomar café da manhã aonde?”, Jay perguntou interessado.
“STARBUCKS”, as três gritaram ao mesmo tempo e nós rimos.
“Acho que alguém gosta de Starbucks”, comentei da reação das três.
“Gostar?”, perguntou. “Gostar é pouco! Eu sou viciada nesse café”, falou ajeitando novamente a mochila nas costas.
“Em excesso faz mal”, Siva falou e as três reviraram os olhos.
“Deixa de ser estraga prazeres, Siva”, comentou antes de puxar assunto com Jay.
“Eu acho que deveríamos andar mais devagar e deixar os dois irem à frente”, comentei baixo para que só e Siva ouvissem. Os dois riram e concordaram. Puxei Max para que ele diminuísse a velocidade. “Ou melhor, os quatro”, corrigi notando que Nathan já tinha puxado pra conversa.
“Isso é tão estranho”, comentou ao meu lado fazendo careta.
“O que?”, perguntei sem entender.
“Elas com eles”, ela respondeu rindo.
“Por quê?”, Max perguntou.
“Porque o Jay tem a idade da , e o Nath da . Entretanto os ‘casais’ estão invertidos. e Nath, e Jay”, ela justificou.
“Hm, entendi”, Max falou. “Mas até que faz sentido”, ele falou olhando pros quatro.
“Só espero que elas não fiquem fazendo jogo duro”, falou e revirou os olhos, “mas eu duvido que consigam”, completou baixo rindo logo em seguida.
“E porque acha isso?”, perguntei.
“É a mesma coisa que você negando álcool, ou o Siva a Nareesha”, ela falou dando de ombro.
“Ei”, eu falei me fazendo de ofendido. “Você acabou de me chamar de alcoólatra”, reclamei empurrando ela de leve.
“Se você é alcoólatra eu sou também”, falou me olhando. E esse desvio de atenção a fez tropeçar. Eu a segurei pela cintura ao mesmo tempo em que ela agarrou meu braço para não cair, e isso fez com que ela ficasse próxima demais. Por um breve segundo nossos olhares se encontraram, mas ela desviou olhando para baixo antes de se afastar.
“Obrigado”, ela murmurou olhando para o chão.
“De nada”, respondi meio sem jeito, colocando as mãos no bolso da calça jeans.
“Da pra andar logo?”, gritou da esquina depois de um tempo que estávamos andando em silêncio. “Eu quero meu café”, completou virando a rua.
“Ei, espera”, gritei em resposta. “Não sabemos o caminho”, reclamei, mas ela não deveria estar ouvindo mais.
“Relaxa é no final do quarteirão”, falou baixo e apressou o passo. “Mas ela está certa. Rápido que quero café”, disse andando mais à nossa frente.
, Jay, e Nathan já deveriam estar lá dentro, uma vez que não estavam na porta. Rapidamente entramos todos e fomos até o balcão cada um fazer seu pedido. Ou melhor, dissemos à o que queríamos e ela fez o pedido por nós. Quando já estávamos todos com nossos cafés quentes ou nossos Frappucinos gelados, nos dirigimos à mesa em que os outros quatro estavam.
Passamos mais ou menos uma hora ali e depois fomos passear pela avenida. Elas nos levaram no Museu de Arte Moderna, e – é claro – no Shopping. Depois ficamos andando por ali sem rumo, até que deu meio dia.
“Vamos almoçar”, falou animada e só então percebi que estava começando a ficar com fome novamente.
“Onde?”, perguntei curioso.
“Já vão descobrir”, ela respondeu, enquanto dois táxis pararam ali. “Max, Siva, e Tom, comigo”, ela falou apontando pra gente. “Nathan e Jay, vocês vão com a e ”, ela falou tentando esconder o sorriso sacana, mas falhando totalmente.
“Você é uma peste”, falei entrando atrás no táxi com os meninos enquanto ela ia à frente.
“Claro que sou, se ninguém fizer nada, eles ficam na estaca zero. Conheço minhas amigas, e conheço meus ídolos”, falou e depois virou para o motorista e falou aonde íamos, mas como era em português, não entendemos nada. Ou seja, íamos ficar na curiosidade até que chegasse lá.
“É muito longe?”, Max perguntou levemente impaciente depois de 20 minutos.
“Não muito. Devemos levar mais uma mais uns 20 minutos ainda”, ela respondeu. “É culpa do trânsito”, justificou. E depois perguntou algo para o taxista que eu deduzi ser sobre ligar o rádio, pois logo em seguida ela o ligou.
Tocava Paradise, do Coldplay.
“When she was just a girl she expected the world”, comecei a cantar.
“But it flew away from her reach so she ran away in her sleep”, Max se uniu à mim.
“And dreamed of para-para-paradise, Para-para-paradise, Para-para-paradise, Every time she closed her eyes”, Siva se juntou a nós três.
“Ooohh
When she was just a girl
She expected the world
But it flew away from her reach
And bullets catch in her teeth
Life goes on
It gets so heavy
The wheel breaks the butterfly
Every tear, a waterfall
In the night, the stormy night
She closed her eyes
In the night
The stormy night
Away she flied
And dreamed of para-para-paradise
Para-para-paradise
Para-para-paradise
Whoa-oh-oh oh-oooh oh-oh-oh
She dreamed of para-para-paradise
Para-para-paradise
Para-para-paradise
Whoa-oh-oh oh-oooh oh-oh-oh
La-la-la-la-la
Still lying underneath the stormy skies
She said oh-oh-oh-oh-oh-oh
I know the sun's set to rise
This could be para-para-paradise
Para-para-paradise
This could be para-para-paradise
Whoa-oh-oh oh-oooh oh-oh-oh
This could be para-para-paradise
Para-para-paradise
This could be para-para-paradise
Whoa-oh-oh oh-oooh oh-oh-oh
Ooohh
This could be para-para-paradise
Para-para-paradise
This could be para-para-paradise
Whoa-oh-oh oh-oooh oh-oh-oh
Ooohh, oohh... ”
Cantamos a musica inteira juntos, intercalando algumas vezes. nos olhava e ria algumas vezes dos nossos arranjos sobre a voz do Chris Martin.
“Sabe, vocês não precisam humilhar reles mortais”, comentou rindo.
“Você que quis ligar o rádio”, defendi a nós três.
“É, eu tinha intenção de escutar o Chris cantando, não vocês”, ela brincou.
“Prefere ele?”, perguntei arqueando a sobrancelha.
“Depende pra que”, respondeu sugestivamente e eu ri.
“Garanto que qualquer um de nós pode ser melhor que ele pra isso”, respondi no mesmo tom.
“Talvez... mas não melhores que o Adam Levine”, jogou querendo me provocar.
“Certo, vamos parar com a discussão que quem é o melhor de cama aqui, por favor?”, Siva falou e eu e rimos.
“Ta com medo de perder pro Levine, Siva?”, provocou e ele revirou os olhos.
“Pode deixar que eu me garanto, pergunte a Nareesha”, ele falou com um sozinho sacana.
“Pode ter certeza que vou”, ela falou dando o assunto por encerrado, “e nós chegamos”, falou animada, seus olhos brilhavam de animação.
“Um parque?”, perguntei confuso. “Onde vamos comer num parque?”
“Não é só um parque”, ela defendeu entre dentes. “É o melhor lugar dessa cidade, e a única coisa –além da Starbucks – que me prende aqui”, defendeu enquanto pagava o motorista e saíamos do carro encontrando Jay com o braço ao redor do ombro de e Nathan e conversando próximos demais. “E eu devia ter apostado com vocês que colocá-los no mesmo táxi ia dar certo”, ela falou revirando os olhos e se aproximando deles.
“Então... onde pretendem arranjar comida num parque?”, tornei a perguntar e elas revirarem os olhos.
“Picnic”, Max gritou ao meu lado e eu o olhei confuso.
“Enfim uma alma inteligente”, falou revirando os olhos e sorrindo.
“Sério?”, Jay perguntou e elas confirmaram animadamente.
“Picnic do jeitinho brasileiro”, falou.
“E isso significa que não teremos Coca-Cola e sim guaraná, e nada de Vodca ou qualquer outra bebida alcoólica que não seja caipirinha”, confirmou e eu comecei e me animar.
“Mas como não somos boas em fazer caipirinha e queremos vocês sóbrios, sem álcool”, falou acabando com a graça daquilo.
“Mato e comida não combinam”, falei emburrado e me empurrou.
“Não fale assim do Ibirapuera”, ela tornou a defender o parque. “É meu lugar favorito nessa cidade e não vou admitir ninguém falando mal dele, nem mesmo você Parker”, falou séria.
"Não esta mais aqui quem falou", falei levantando os braços em sinal de inocência.
"Vamos!" falou puxando Nathan com ela e começamos a caminhar. Eu não estava mesmo satisfeito com a ideia, mas não ia voltar a reclamar uma vez que reclamar seria como pedir pra morrer com defendendo tão fortemente o lugar.
"Porque você gosta tanto daqui?", perguntei e ela me olhou feio. "É só curiosidade, se acalme", me justifiquei. Ela respirou fundo e começou a olhar ao redor.
"Na realidade, não sei", começou respirando fundo de novo. "É um lugar que me acalma, passa tranquilidade. Sempre que preciso pensar, ou só quero esquecer o mundo, eu venho pra cá", falou parando de andar, e eu parei junto. "Eu sento ali na beirada do lago, ligo o iPod, e fico escutando música", falou apontando pro lago onde varias crianças brincavam ao redor. "Às vezes trago meu caderno pra escrever algo. Sabe, meio que pra desabafar, colocar pra fora. Falar para o caderno o que eu não posso falar para as pessoas", falou. "Seja porque elas não estão dispostas a ouvir, seja porque falar essas coisas muda tudo, seja porque signifique assumir coisas que não quero assumir nem para mim mesma, seja porque eu corro o risco de afastar as pessoas", ela finalizou suspirando no final.
"Sabe, guardar as coisas pra você nem sempre é bom", comentei desviando o olhar do lado para ela. Ela encarava o chão, com as mãos nos bolsos.
"É melhor sofrer calada do que falar as coisas, ou fazer as coisas e me arrepender depois", ela falou enfim olhando pra mim.
"Mas tenho certeza que é melhor se arrepender por ter feito do que não ter feito", falei. "É melhor saber que você tentou e não deu certo do que viver com a dúvida do que poderia ter acontecido", finalizei e ela suspirou desviando o olhar.
"Quem diria, Thomas Parker dizendo coisas profundas", ela brincou depois de um tempo.
"Idiota", falei dando um soquinho leve em seu braço, ela riu devolvendo.
"Vamos, que eles já devem estar lá na frente, e do jeito que você anda devagar, vamos levar um século para alcançá-los", ela falou me provocando e saiu andando a passos largos.
"Devagar?", perguntei inconformado. "Vamos ver então quem chega neles primeiro", falei e saí correndo deixando-a para trás, e ela saiu correndo atrás de mim. Corri até um ponto em que havia uma bifurcação, onde eu parei decidindo por onde ir. Se eu pegasse o caminho errado as chances de eu não encontrá-los era gigantesca porque aquele parque parecia ser enorme e se eu já não sabia voltar à entrada quando mais voltar pelos caminhos que fiz.
"Lembrou que não sabe o caminho é?", ela perguntou irônica entre respirações parando atrás de mim.
"Alguém aqui não sabe apostar corrida", brinquei com ela.
"Desculpe se meu condicionamento físico não é dos melhores", falou sarcástica pegando o caminho da direita.
"Tem certeza que é por aqui?", perguntei receoso.
"Anda logo Parker", gritou andando a minha frente e eu acelerei o passo para alcançá-la.
"Você tem algum problema com meu sobrenome ou algo do tipo?", perguntei e ela riu.
"Claro que não, Parker", falou frisando meu sobrenome, e eu ri.
"É serio, você fica repetindo o tempo todo", falei e foi a vez dela rir.
"Eu só gosto dele", falou dando de ombros, e deixando bem claro que não ia responder mais nada relacionado à sua mania de me chamar pelo sobrenome.
"Finalmente!", gritou assim que nos aproximamos. "Onde vocês se meteram?", perguntou dando um sorriso irônico pra .
"Ele perguntou do porque eu gosto do parque, e eu parei pra explicar lá na frente do lago", ela falou dando de ombros, "dai ele quis apostar corrida e quase se perdeu", terminou rindo.
"Foi você que me desafiou", falei e ela riu.
"Eu só falei que você andava devagar, quem começou a correr foi você", se defendeu sentando ao lado de .
"O casal vai parar de discutir sobre quem começou a brincadeira ou não?", Jay falou e eu virei pra ele, arqueando a sobrancelha.
"Não somos um casal", falou rápido. "Só dois amigos. Ou melhor, duas crianças, porque né...", falou deixando a frase no ar.
"...", a chamou baixinho, mas alto o suficiente para que eu que estava ao lado de escutasse.
"Depois", ela respondeu mais baixo ainda. "Vamos comer?", perguntou mudando totalmente a expressão e o tom de voz que usava e soando verdadeiramente animada. O que me fez perguntar se ela realmente conseguia mudar de humor rápido assim ou se ela estava apenas fingindo. É claro que se eu tivesse prestado um pouco mais de atenção teria percebido que era fingimento, pelo menos nos primeiros quinze minutos.
"O que é isso?", Nathan perguntou olhando feio pro que quer que fosse aquilo na colher que agora segurava na sua frente o tentando fazer comer. E eu entendia totalmente o porquê de ele estar receoso. Tinha uma aparência bem estranha.
"O melhor doce que você vai experimentar na sua vida!", falou animada pegando uma colher pra ela também.
"E o porquê de você querer voltar ao Brasil depois, porque é doce brasileiro", emendou enfiando a colher na boca de Nathan assim que ele a abriu pra protestar. Eu e os meninos o ficamos encarando até que ele aprovasse o doce ou saísse correndo pra vomitar.
"Porque isso só existe no Brasil? Isso é injusto com o resto do mundo. Deveriam compartilhar isso com a gente!", foi a primeira coisa que ele disse quando esvaziou a boca.
"Então essa gosma é boa mesmo?", perguntei pegando uma colher e indo em direção ao doce, mas a tirou da minha mão.
"A próxima vez que você chamar o meu brigadeiro de gosma pode dar adeus a sua vida, Thomas" ela falou fingindo estar brava. "E só por isso não vai comer também", falou empurrando minha mão quando tentei tirar a colher dela.
"Ah, então foi você que fez é?", perguntei mais uma vez tentando tirar a colher da mão dela e falhando totalmente. "Não seja por isso. Com ou sem colher vou experimentar essa coisa", falei pegando o doce com o dedo. "Nem é tão bom assim," falei em tom de brincadeira para provocá-la e ela girou os olhos.
"Claro, seu dedo nojento estraga qualquer doce", ela devolveu a provocação.
"Ou é você que não sabe cozinhar", brinquei novamente e ela deu um soco – ou uma tentativa de soco – no meu braço.
"Idiota", resmungou deixando a colher ali em cima e pegando o refrigerante.
"Ainda bem que vamos embora essa noite porque um dia a mais o Tom e a se matavam nessas brincadeirinhas deles", Siva ironizou.
"É mais fácil ele me matar do que eu sequer cogitar a ideia de matá-lo", falou seria tomando o Guaraná de seu copo.
"Ou seja, não preciso mais ter medo das suas ameaças", falei sorrindo vitorioso pra ela.
"Eu falei que eu não te mato, não disse nada sobre contratar alguém pra fazer isso", ela falou sorrindo vitoriosa dessa vez.
"É muito amor mesmo", falou sorrindo torto, e deu de ombros olhando para o copo. "Por falar em amor... onde estão a e o Jay?", ela perguntou e só estão eu notei o desaparecimento dos dois.
"Não quero saber o que esses dois estão fazendo", falou fazendo uma falsa careta de nojo e nos fazendo rir.
"Acho que deveríamos ir procurar eles, ", Nathan falou estendendo a mão para a garota que sorrindo aceitou.
rindo da amiga falou algo em português que fez rir e respondeu um 'vai se foder' para a amiga que só riu mais.
"Sabe, não é legal quando vocês falam em português", Max falou quando os dois se afastaram e deu de ombros.
"Normalmente temos sinais pra essas coisas, mas como a gente pode falar sem que vocês entendam é bem mais divertido", ela explicou.
"Então é só pra deixar a gente sem entender", afirmei e confirmou com a cabeça.
"Eu deveria ter trazido meu caderno, merda", ela falou baixo revirando a mochila.
"Achei que tinha dito que só vinha escrever no caderno quando queria falar algo que não podia falar para ninguém", comentei e ela me olhou logo em seguida suspirando.
"Eu sei", falou se dando por vencida. Ela levantou e começou a caminhar por uma trilha que eu percebi que daria no lago. Fiquei observando-a confuso. Tudo parecia estar ótimo nas ultimas horas e do nada ela mudou de humor, de novo.
"Talvez eu me arrependa de falar isso, mas acho que você deveria ir falar com ela Tom", Max comentou a olhando. "Ela parece estar mal, e você preocupado", ele finalizou e eu ponderei por alguns segundos. Eu realmente estava preocupado, mas estava receoso de ir falar com ela e as coisas desandarem. Algo estava muito errado.
"Acho que o Max tem razão, Tom", Siva concordou, "ela parece precisar de um amigo agora", ele concluiu meu pensamento.
"Certo", falei me levantando e refiz o caminho que ela tinha feito poucos minutos atrás. "Você está bem?", perguntei me aproximando dela, e ela interrompeu o que estava dizendo baixinho para si mesma. Não que fizesse muita diferença porque ela estava falando em português.
"Talvez", murmurou mantendo seu olhar fixo na agua. "Não", respondeu suspirando no fim.
"Quer falar sobre isso?", perguntei inseguro colocando a mão no bolso e a encarando.
"Você não é a pessoa mais adequada para eu falar sobre isso", ela comentou e eu desviei o olhar. Isso meio que foi uma indireta para eu cair fora, mas eu continuei ali.
"Tente", sussurrei voltando a olhar pra ela, que por sua vez apenas suspirou de novo.
"Aconteceu algo na minha vida que foi a melhor coisa até agora", ela começou devagar e baixo, "ainda não consigo acreditar que é verdade, que tudo aconteceu mesmo", ela falou sorrindo levemente. "Talvez eu tenha imaginado demais como seria o momento e não consigo acreditar que ele aconteceu, e muito menos que ele foi muito melhor do que eu tinha imaginado", ela falou agora olhando para o chão e não para o lago.
"Então você deveria estar feliz, não?", perguntei confuso.
"Eu estou", ela falou exasperada. "Só que esse acontecimento colocou uma pessoa na minha vida", ela falou começando a mexer as mãos, "uma pessoa que se tornou especial demais em pouco tempo. Alguém que realmente me vê como uma amiga para contar em todos os momentos e sempre", ela falou e eu continuei sério. "E eu tenho coisas que queria poder falar pra essa pessoa", falou suspirando. "Mas essas coisas podem fazer com que essa pessoa se afaste de mim", finalizou me olhando por um momento e eu pude ver seus olhos brilhando de lágrimas.
"Hey, não chora!", falei segurando o rosto dela e enxugando as suas lágrimas antes que elas caíssem. Ela riu sem graça.
"Lembra quando você disse hoje que é melhor se arrepender de algo que você fez do que se arrepender de não fazer e ficar pensando no 'e se'?", ela perguntou e eu afirmei com a cabeça. "Isso vale também para quando você fizer algo que pode se arrepender e depois ficar perguntando 'e se eu não tivesse feito?'?", perguntou e eu parei por um minuto para pensar. Eu não tinha ideia do que ela estava falando.
"Eu acho que você deveria tentar de qualquer jeito. E se essa pessoa se afastar de você mesmo depois de ter te feito sentir especial, como eu percebi que ela fez, é porque ela é uma idiota", eu falei e ela olhou para baixo respirando fundo por um segundo.
Tudo foi rápido demais, mal tive tempo de registrar seus movimentos e os lábios dela estavam contra os meus.
HAHAHAHAHA meu deus...que lindoo...amei...Clau, sempre me surpreendendo em cada capítulo!!! Haha quero terminar de ler isso logo!!! hahahaha
ResponderExcluirE sorry Parker, but Levine is like a sex god after i saw him on Rock In Rio....
Já disse que sou sua nova leitora FIEL né?
ResponderExcluirClau, vc é foda. Sem mais.
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