CAPITULO 12
"Eu te amo", a interrompi, antes de qualquer coisa abrindo meus olhos e a encarando, um braço a prendendo pela cintura e o outro acariciando seu rosto. As mãos dela espalmadas no meu peito e seu olhar era confuso demais para que eu decifrasse.
"Eu tenho namorado, Tom", ela repetiu a frase que eu havia dito há nove meses e foi como se eu tivesse levado um soco no estômago; de repente não conseguia mais respirar.
"Mas...", comecei a falar e me interrompi quando percebi que eu não tinha o que falar.
"Desculpa, mas eu não posso", ela falou se afastando de mim, segurei seu braço a fazendo me olhar e pude ver um pouco de dor passar por eles.
"Por favor", pedi num sussurro.
"Doeu demais da primeira vez", ela falou se soltando.
"É diferente agora", falei me aproximando enquanto ela dava um passo para trás.
"Eu... eu preciso ir", ela falou antes de sair correndo por outra trilha e eu fiquei ali a olhando correr sem saber o que fazer. Olhei para trás a tempo de ver alguém que eu não conhecia vir em minha direção. A próxima coisa da qual me dei conta é que eu estava no chão e Max segurava o garoto enquanto gritava algo em português com ele.
"EU TE DISSE PRA DEIXÁ-LA EM PAZ", o garoto gritou para mim em inglês e eu deduzi que fosse Leonardo.
"Você me mandou deixar ela em paz ou lutar por ela. Eu fiz a minha escolha", falei me levantando e desafiando o garoto que agora já havia se soltado de Max.
"Magoe-a de novo e não vai ser só um soco que vai receber", ele falou se aproximando de mim e eu fiquei parado sem deixar o medo que eu estava sentindo passar pela minha expressão. "Entendeu?" Perguntou chegando ainda mais perto e eu balancei a cabeça afirmativamente. Ele se afastou e saiu correndo na mesmo direção a qual fora. Olhei para Max que me encarava preocupado.
"Você está bem?", perguntou e eu concordei com a cabeça.
"Ela só disse 'e não posso'", falei sentando na grama e sentou ao meu lado.
"Ela só esta assustada. Dê um pouco de tempo a ela", ela falou e eu balancei a cabeça concordando e encarando o lago onde toda aquela historia começou.
Max desligou o telefone e se virou para mim, não me mexi na cama.
"Eles entenderam a situação" ele falou por fim e eu concordei.
"Já te disse que se quiser voltar, você pode", tornei a repetir o que vinha dizendo desde que eu decidira ficar no Brasil.
"Eu sinto como se você estivesse me expulsando", ele falou e eu revirei os olhos.
"Você me entendeu, Max. O problema é meu e não seu. Não precisa ficar se não quiser", eu disse e ele deu de ombros.
"Não vou te largar sozinho."
"Obrigado", falei desviando o olhar do teto para ele.
"Você pretende passar o dia todo nessa cama?", ele perguntou e eu suspirei.
"Até eu pensar em algo... sim", respondi voltando a encarar o teto branco. Aquela altura eu já sabia onde estava cada rachadura do teto.
"Por que não vamos pra piscina, ou sair pra beber, ou qualquer coisa?", ele sugeriu e eu cogitei a hipótese. O problema era, todos os lugares naquela maldita cidade me lembravam ela.
"Ir aonde?", perguntei e ele deu de ombros.
"Qualquer lugar, só sair daqui", respondeu e eu concordei. Peguei meu celular para checar mais uma vez se havia mensagem ou algo do tipo. "Nada?", Max perguntou e eu neguei com a cabeça. "Escreve pra ela", sugeriu.
'Vai me ignorar até quando?', escrevi e joguei o celular na cama buscando por uma camiseta qualquer.
"Vamos ao bar mais próximo que tiver?", perguntei colocando o celular no bolso e fechando a porta atrás de mim depois de sairmos. "Eu gosto mesmo daquela bebida deles", comentei e Max riu.
"Você só sabe beber?" Ele perguntou e eu dei de ombros.
"Pra começar que a ideia foi sua", me defendi. "E depois que, o que melhor para esquecer os problemas que álcool?" Perguntei.
"Resolver os problemas é uma ideia melhor", ele falou.
"Resolver problemas dá dor de cabeça", defendi.
"Beber também dá dor de cabeça", ele retrucou e eu ri.
"É, mas beber é mais legal. Pare de ser chato e acabar com as minhas fantasias", falei e ele riu.
"THOMAS", eu ouvi aquela voz gritar pelo meu nome e congelei no lugar que estava olhando pra frente. corria na minha direção, mas ao contrário das minhas fantasias, ela não vinha correndo com um sorriso no rosto, e sim com uma expressão maníaca. Atrás dela, e falavam algo em português e pelo desespero das duas garotas deveria ser algo como ‘se acalme’.
"Hm... oi?", falei quando ela parou na minha frente. Foi uma fração de segundos antes de eu sentir a mão dela atingir o meu rosto com força e eu recuei assustado com a atitude dela.
"Eu. Te. Odeio." Ela falou entredentes, se aproximando enquanto suas amigas a tentavam puxar para trás. "Seu filho da puta, não é capaz nem de fazer as coisas direito," respondeu se soltando das amigas, mas eu a segurei pelos braços. "Ainda bem que sabe cantar, porque se depender de mim a sua beleza não vai vender mais porra nenhuma", falou, me estapeando, tentando se soltar. Max a segurou e a afastou de mim.
"Que porra eu fiz?" Perguntei começando a me irritar com as acusações sem sentido dela.
"Você nasceu", ela berrou e eu me assustei. "Por que você voltou? O que você está fazendo aqui?" Ela perguntou agora frustrada e não mais irritada.
"Acho que eu já te expliquei o que estou fazendo aqui", falei tentando me aproximar, mas ela forçou-se contra Max se afastou.
"Por que você não some da minha vida, hein, Thomas?", ela perguntou, voltando a ficar irritada, e aquilo doeu.
"", gritou, "para de falar bobagens, agora." Mandou a amiga e se virou para ela.
"Bobagens? BOBAGENS?", gritou voltando ao seu ataque de fúria. "Ele vem aqui, me ilude, e some. Me deixa sozinha, me ignora e é o maior filho da puta que existe", ela falou num tom de voz baixo mas que chegava a cortar que tanta raiva que havia. "Daí quando eu sigo em frente e começo a construir uma vida em que não existe Thomas Parker, ele do nada resolve aparecer aqui pra brincar comigo de novo, sabendo que nunca vou superá-lo totalmente", ela falou e parou para tomar ar no final da frase. "Isso parece bobagem pra você, ?" Ela perguntou com raiva. "Queria ver se fosse você e o Nathan, o que você faria", ela jogou e a segurou pelos braços.
"Chega, ", ela falou calma, tentando acalmar a amiga. "Você nem gostava dele de verdade. Lembra quando vocês começaram a namorar, o que você disse?" falou e eu não entendi, mas escondeu o rosto no peito dela.
"Eu gostava dele, eu estava começando a me apaixonar por ele, ", choramingou.
"Ele não era o cara certo pra você, ", falou chegando perto da amiga e passando a mão no cabelo dela.
"Não..." alertou assim que ameaçou falar algo e a garota se calou pesarosa.
"..." eu chamei baixo e ela apenas virou o rosto.
"Eu não quero te ver", ela falou e aquilo era o que faltava para eu literalmente despencar. Segurei em Max ao meu lado atordoado com o que ela falara, e busquei apoio no olhar das amigas dela, principalmente em , que me suplicava com o olhar para não desistir.
E eu não queria desistir, mas eu ainda tinha forças depois daquilo?
'Você está bem?' era o que dizia a mensagem de .
'Preciso mesmo responder?' escrevi deixando o celular sobre o peito e voltando a encarar o teto do quarto do hotel. Max havia se frustrado com a minha falta de reação e depressão e tinha saído para algum lugar. Era até reconfortante ficar sozinho, sem seus olhos me vigiando a todo segundo como se eu fosse pular da janela do quarto a qualquer momento.
'Você precisa falar com ela' falou e eu suspirei.
'Ela não quer me ver', falei angustiado. As palavras de no dia anterior ecoavam em minha mente, como um castigo.
'Force-a', ela escreveu.
'Não sei mais o que fazer. Tudo foi em vão', falei entrando em desespero. Soltei o celular e voltei a pega-lo dois segundos depois. 'Eu atravessei a porra do oceano para falar que eu a amava e ela nem olha mais na minha cara. Não sei o que mais se pode fazer', escrevi outra mensagem e a enviei.
'Ela é teimosa, Tom', li e revirei os olhos, isso não justificava. 'E ela age na defensiva. Eu não posso culpá-la.'
'Isso, defende a mesmo', escrevi irritado.
'Não estou defendendo o que ela está fazendo. Estou justificando', ela falou.
'Não vejo nenhum argumento válido', retruquei.
'Você não viu o estado em que a deixou no parque daquela vez, viu? ' acusou e eu respirei fundo tentando me controlar. Eu nem ao menos sabia qual era meu estado de espírito e o que eu estava tentando controlar, mas não era boa ideia deixar meu instinto agir no momento, eu poderia acabar fazendo alguma bobagem.
'Eu já pedi desculpas, milhões de vezes', me defendi.
'Ela tem medo que aconteça de novo', justificou-a.
'Não vai! ' Afirmei tentando passar por uma mensagem de texto a segurança que teria na minha voz se eu tivesse falado em voz alta.
'Prove isso a ela! Mostre que você veio para ficar', ela disse.
'Eu vim pra busca-la, na verdade', respondi e pude ver rindo.
'Você entendeu, Thomas --'', ela respondeu e eu ri.
'Como eu vou fazer isso?' perguntei.
'Isso é você que tem que decidir. Até onde você iria por ela? ', perguntou e depois disso eu sabia que ela não me responderia mais, então nem perdi meu tempo respondendo.
Coloquei o celular no criado mudo e me virei ficando de barriga para baixo e escondendo o rosto no travesseiro. Eu precisava bolar algo, e rápido.
Mais uma vez as palavras de voltaram à minha mente, uma por uma as acusações vieram com força contra mim, fazendo meu peito apertar e um bolo se formar na minha garganta.
Mais uma vez eu tentei engolir o choro. Eu não queria chorar, isso ia demonstrar fraqueza, ia mostrar a mim mesmo o quanto aquela garota tinha me afetado.
Mas dessa vez, ao contrário das outras, eu não consegui controlar o choro e lágrimas brotaram dos meus olhos e eram secadas pelo travesseiro no qual eu escondia meu rosto.
Chorar, na realidade, não era fraqueza. Era apenas liberar a angústia, o desespero e o medo que me assolavam desde que eu admiti a mim mesmo que estava apaixonado por ela.
Levantei da cama enxugando o rosto e revoltado comigo mesmo, eu estava parecendo uma garotinha de 15 anos.
"Você é Tom Parker", comecei para mim mesmo, "levanta daí e vai atrás dessa porra de garota. E faça ela te ouvir." Continuei falando comigo mesmo enquanto caminhava até o banheiro, "e você não vai voltar pra Inglaterra enquanto essa garota não for sua", falei me encarando no espelho. "Entendeu?" perguntei para mim mesmo, e completando o momento levemente autista, balancei a cabeça concordando.
"Você tem mesmo que ir, Tom?", perguntou fazendo bico e eu ri.
"Tenho. Não podemos simplesmente cancelar o show assim", falei enquanto Max voltava já com as passagens na mão e as bagagens despachadas.
"Mas ela está quase cedendo", ela falou e eu desviei o olhar.
"Eu não posso fazer nada", falei tentando parecer indiferente. Não sei por que eu ainda tentava enganar a qualquer pessoa.
"Tom", ela pediu mais uma vez, mas eu dei de ombros.
"Você sabe que eu ficaria se pudesse", falei. "Mas eu não posso arriscar a minha carreira e a dos meninos", justifiquei e ela balançou a cabeça.
"Ela vai mudar de ideia, você vai ver", tentou me animar e eu concordei.
"Manda um beijo pra por mim?", pedi.
"E por mim", Max falou parando ao meu lado. Ela concordou e nos despedimos.
Eu e Max seguimos para a sala de embarque.
"E..." comecei, mas Max me interrompeu.
"Ela não vai achar que você está desistindo", ele falou como se lesse meus pensamentos.
"Certo", falei me sentando na cadeira dura do aeroporto.
"E se for preciso, a gente vem de novo", ele falou e eu sorri fraco.
"Se é que vou precisar", falei.
"Lembra do que a falou? Ela vai mudar de ideia, cara", tentou e eu sorri fraco novamente.
"Deus te ouça, dude", murmurrei.
"Acalma esse nervosismo aí, Parker", ele falou meio brincalhão.
"Vou tentar", falei enquanto pegava o celular. Tinha se tornado um hábito checar o celular a cada cinco minutos para ver se tinha alguma resposta.
"Eu disse se acalma", Max falou tirando o celular da minha mão no mesmo minuto que ele vibrou. Nem mesmo se Max e mais o resto do mundo tentasse me impedir de pegar o celular teria conseguido tamanha a velocidade que peguei o celular da mão dele.
'Boa viagem ): ', foi tudo o que ela escreveu e eu fechei os olhos por um momento.
'Eu volto! Só vou desistir na hora que você me provar que não tenho nenhuma chance', foi o que eu respondi e eu sabia que ela não iria mais me responder, então entreguei o celular para Max.
"Vamos jogar alguma coisa. Não quero ficar pensando no que pode acontecer", falei para Max e ele concordou.
Perfeita como sempre né? QUERO MAIS :(
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